É quase Páscoa! Tempo de amor, união, família e CHOCOLATE! Em períodos difíceis como o que estamos passando, nada mais confortante que um chocolatinho. Mas essa guloseima pode representar um grande perigo para nossos doguinhos e gatinhos. Você conhece os riscos de dar chocolate para cachorro?
Sou Fernanda, bióloga e humana de estimação da Lelé e da Poppys do @leleepoppys, e queria contar para vocês sobre os riscos de chocolate para nossos amiguinhos de 4 patas.
Origem do consumo do chocolate
Chocolate é feito da semente da Theobroma cocoa, conhecida popularmente como cacau. Foi originada na América Central e já era consumida na forma de bebida há 600 anos antes de Cristo pelos povos Maias. Era uma bebida amarga consumida principalmente pela elite das civilizações pré-colombianas. Com a chegada dos colonizadores europeus, a bebida se popularizou e a foi adaptada com adição de leite e açúcar, e consumida também na forma sólida, em barras. Há muito tempo essa iguaria (deliciosa!) faz parte dos hábitos alimentares humanos.
Composição química do chocolate
Dentre os alimentos humanos, o chocolate é um dos mais comumente envolvidos em intoxicação de animais domésticos. De acordo com os dados do National Poison Control Center da ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals), está entre as 20 principais causas de envenenamento dos nossos amiguinhos. Interessante ressaltar que os casos de intoxicação por chocolate costumam aumentar em períodos festivos, como Páscoa e Natal, quando há um aumento na oferta de chocolates, facilitando o acesso dos pets.
Essa guloseima apresenta em sua composição altas concentrações de:
- Carboidratos
- Lipídeos
- Compostos nitrogenados
- Neuropeptídios
- Famosas metilxantinas
Teobromina é a principal metilxantina na manteiga de cacau, ingrediente base do chocolate, mas outras metilxantinas, como cafeína e teolina, são encontradas concentrações menores.
Toxicidade do chocolate para cachorro e gato
Vários benefícios da teobromina na saúde humana já foram descritos, como por exemplo ação anti-inflamatória e antioxidante. Para humanos, a teobromina possui baixa toxicidade podendo ser consumido sem nenhum tipo de risco. No entanto, se consumida por outros mamíferos, pode ser letal, como é o caso de cães e gatos. Essa toxicidade está relacionada com a lenta metabolização desse composto por alguns organismos.
A quantidade de teobromina varia com tipo de chocolate, aumenta com o teor de cacau do chocolate. Então, chocolate amargo possui concentração maior que o chocolate branco. Portanto, o tipo de chocolate ingerido é bastante importante com relação ao grau de intoxicação. Além desse, outros fatores como tamanho do animal e sensibilidade individual ao composto, interferem no grau do envenenamento.
Portanto, a teobromina é tóxica tanto para cães como para gatos, mas os casos de intoxicação de cães são muito mais frequentes. E isso tem uma explicação bem simples e relacionada com hábitos comportamentais das duas espécies. Gatos possuem um comportamento alimentar muito mais restritivo, enquanto cães, de modo geral, são menos seletivos, tornando dessa forma as principais vítimas desse tipo de intoxicação.
Mecanismo de ação da teobromina e sinais de intoxicação
A teobromina é um composto bastante lipossolúvel, ou seja, capaz de dissolver em compostos lipídicos (como gordura). Esse composto após ingerido é facilmente absorvido pelas células – vou abrir um parêntese aqui para voltar lá nas aulas de biologia e química, células animais são envolvidas por uma membrana lipídica e compostos lipossolúveis passam livremente por ela. Voltando à teobromina, após absorvida se espalha pelo organismo, inclusive atravessando a barreira de proteção do cérebro, conhecida como barreira hematoencefálica.
Uma vez dentro do organismo, a teobromina atua estimulando o sistema nervoso central (SNC – cabine de comando dos animais, onde todas as funções do corpo são controladas) e a musculatura do coração, além de afetar os rins.
Apesar da teobromina estar em concentração de 3-10 vezes maior que a cafeína no chocolate, os dois compostos são responsáveis pelos sinais clínicos observados na intoxicação. Esses sinais, são observados geralmente entre 6 e 12h após a ingestão, sendo os mais comuns:
- Vômitos
- Diarreia
- Agitação/hiperatividade
- Contração muscular súbita
- Tremores e convulsões
- Incontinência urinária ou poliúria (eliminação de grande volume de urina)
- Taquicardia
Em alguns casos, a intoxicação pode levar a morte, causada por taquicardia ou falência respiratória. Além disso, as altas concentrações de gordura do chocolate podem ainda desencadear pancreatite.
A gravidade dos sinais está diretamente relacionada com a dose de teobromina ingerida. Sinais leves, como vômito e diarreia, são normalmente observados na ingestão de 20mg/kg, efeitos cardiotóxicos com a ingestão de 40 a 50mg/kg e convulsões e sinais mais graves com doses acima 60mg/kg.
Páscoa com chocolate para cachorro
Atualmente, uma parte considerável dos pets são tratados como um membro da família, um filho. E claro, queremos poder partilhar esse momento de Páscoa com eles! Justamente por isso devemos estar bastante atentos aos riscos que o chocolate traz para nossos companheiros de 4 patas.
No mercado existem diversos tipos de “chocolate” permitido para pets, então essa é uma boa opção de cada um aproveitar seu chocolatinho. Ou ainda é possível oferecer um petisquinho, ou um sachê, aquilo que seu pet adora, enquanto você se delicia com seu chocolate. O mais importante é poderem estar juntos nesse período festivo.
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Conta para nós, os pets de vocês já tiveram problemas com intoxicação por chocolate ou outro alimento humano? E quais cuidados tem na sua casa para evitar esse envenenamento?
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