Eles deixaram de ser cães para serem filhos, além de ocuparem espaço no nosso coração e na nossa família, também ocupam espaço nos nossos sofás, camas e já estão inclusos no nosso planejamento financeiro. Todo este processo de humanização dos cães e a proximidade maior com seus pais humanos podem desencadear problemas comportamentais. Então eu (Thay, a mãe das oncinhas uai, haha) e a tia Hevelyn idealizadora da Meg Vem e mãe das nossas amigas Bem Peraltas viemos contar um pouco mais para vocês sobre ansiedade por separação, como podemos identificar e lidar com essa condição.
Por aqui temos uma oncinha com suspeita de ansiedade por separação. E ela é branca, pintadinha, parece um sorvete de flocos, mas é azeda que nem limão. E aí, já descobriu quem é?
O que é ansiedade por separação?
Segundo a Hevelyn Leão, que é adestradora comportamentalista:
“A ansiedade de separação é um tipo de estresse que o animal desenvolve por não conseguir lidar com a própria solidão de uma forma natural, mas não apenas ela. É um vínculo e muitas vezes ele não deveria ser ruim. Mas quando conectado a algum tipo de instabilidade emocional, pode gerar conflitos. O animal não entende que já vamos voltar para casa, ou que apenas vamos tomar um banho, por exemplo.
Às vezes quando atrelado com estresse pós traumático ou medo, o animal desenvolve latidos excessivos e choro, como forma de reencontrar a “família” que no caso é você. Isso porque o animal tenta ao máximo antecipar esses momentos e sofre antes com essa separação. Esses cães normalmente fazem de tudo para ter a atenção do dono e tentar convencê-lo a ficar, sendo extremamente agitados. Mas não é incomum ver o outro extremo, que pende a uma apatia. Eles não demonstram qualquer tipo de emoção, não atendendo a chamados e inclusive ficando em um estado catatônico, podendo durar até a volta do dono, ou seja, todo o tempo em que ele ficar sozinho.”
Apego com os tutores
Levando isso em consideração, vejo como se aplica na vida da Amora. Ela veio pra gente filhote, com quase 3 meses. Ela chegou em uma fase muito difícil da minha vida, tinha perdido meus cães alguns meses antes e quando adotamos a Amora tentei manter ela ao máximo perto de mim, porque tinha medo de perder um cãozinho novamente. A Amora sempre foi elétrica, brincalhona, o puro foguetinho. Tanto que desde as primeiras oportunidades sempre tentamos apresentá-la ao enriquecimento ambiental (EA).
Antes da chegada da Lilica, a Amora tinha contato somente com a gente e não ficando de forma alguma sozinha. Por isso acreditamos que de certa forma isso impediu um pouco que ela aprendesse a ficar sozinha de forma confortável. Com a chegada da Lilica ela começou a aceitar melhor a nossa ausência, desde que na presença da Lilica.
Diagnóstico da Ansiedade por separação da Amora
Então o que leva a gente a acreditar que ela tem ansiedade por separação? Bem, quando fica sozinha ela:
- Late de forma excessiva a ponto de despertar incômodo em quem está ouvindo).
- Algumas vezes vocaliza alto como se fosse um grito.
- Fica inquieta e ansiosa.
- Não consegue se distrair com Brinquedos de enriquecimento ambiental (exceto algum brinquedo recheado com algo que ela goste muito muito, como um sachê).
- Quando voltamos ao ambiente em que ela está, ela fica tranquila e volta a interagir normalmente com os brinquedos ou a comida ofertada.
Como tratar a Ansiedade por separação
(Por Hevelyn Leão)
Vamos lembrar que os cães são excelentes observadores, e entendem a linguagem visual do ambiente em que vivem. Sinais que são nossos simples rituais como tomar banho, preparar a bolsa ou mochila, pegar os sapatos, vestir uma roupa específica e sair, seu cão no terceiro ritual (pegar os sapatos) já entendeu que você vai largar ele sozinho e isso desencadeia essa reação de falta de autocontrole. Entenda que para seu cão é como estar em pânico e isso ele não consegue controlar sem ajuda.
Existe um senso comum que devemos colocar o cão para enfrentar o problema sozinho, afinal se ele tem dificuldade em ficar só, deveríamos deixar ele sozinho no quarto, correto? Não é bem assim. Na realidade a gente trabalha com rotinas e acréscimo de novidades na rotina, lentamente.
Trabalhar a mente e a energia com enriquecimento ambiental
Um dos caminhos possíveis e bastante assertivos é trazer enriquecimento ambiental para conseguir proporcionar momentos de alegria, fazer com que com o cão perceba que tem escolhas possíveis e prazerosas para ele cansar ao longo do dia de forma saudável. Mas cuidado com a hiper estimulação.
Ótimos brinquedos que estimulam momentos de calma são os kongs, ou bonequinhas recheáveis. Brinquedos de gasto energético como o wobbler vão auxiliar seu cão a baixar sua energia. Cada brinquedo vai auxiliar em um determinado momento do dia de acordo com a rotina do seu aumigo, por isso entenda as preferências de brinquedo e interação dele.
Ambientes calmos ajudam também, pois geram menos ansiedade e euforia no cão, trazendo bem-estar e previsibilidade, pois cães gostam de rotina.
Peça ajuda especializada
Se você identificar traços de ansiedade por separação no seu cão, até é possível começar a treiná-lo em casa. Mas se possível, peça ajuda de um comportamentalista e um veterinário para saber se é necessário a introdução de algum fármaco ou se exercícios que melhorem a comunicação e autoconfiança do seu pet, podem ser o bastante.
Você já percebeu no seu cãozinho algum sinal de ansiedade por separação? Gostariam de ver novos temas relacionados com comportamento animal no blog? COnta pra gente nos comentários!
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