Abril Marrom Pet e a deficiência visual em cães

abr 30, 2022

Me conta uma coisa: você já se imaginou tendo um pet com deficiência em casa? E se essa deficiência for visual? Alguns pets já nascem cegos ou enxergando pouco, outras perdem a visual gradualmente ao longo da vida. Então é fundamental que a gente conheça um pouco dos riscos e como oferecer uma vida equilibrada para os pets com deficiência visual ou cegueira. Por isso existe a campanha Abril Marrom Pet, vamos falar sobre isso?

Abril Marrom Pet

Abril é Marrom Pet é uma campanha de conscientização para a deficiência visual em animais. Alguns já nascem com baixa visual ou completamente cegos. Outros adquirem a cegueira ou perda gradual da visão devido a patologias diversas ou acidentes em que perdem o olho.

Em todos os casos, o tutor precisa estar preparado para lidar com a situação, tratar e fazer acompanhamento com veterinário oftalmologista, bem como possíveis adaptações no ambiente para que a locomoção e entendimento do espaço pelo pet seja mais simples. Além disso, manter os móveis sempre na mesma posição ajuda a evitar que o pet esbarre e precise de readaptação.

Para ilustrar melhor como é conviver com um pet deficiente visual, conversamos com a Helen, tutora do @o.beagleoliver, um Beagle de menos de 2 anos que é deficiente visual desde bebê. Veja o que ela nos conta sobre o caso dele

Cegueira em Cachorro: A experiência do Beagle Oliver

Oliver é um beagle de 1 ano e 9 meses que chegou em casa com apenas 55 dias em setembro de 2020. A princípio a Helen não sabia de sua deficiência e nem qual patologia causava a baixa visão do Oliver. Mas a descoberta veio logo, segundo ela:

“Eu percebi que ele esbarrava demais nas coisas. Relatei para a vet e ela me disse que aquele comportamento era normal de filhote, porém não me contentei e troquei de profissional. Descobrimos que ele possuía falta de visão quando ele tinha cerca de 3 meses, porém o diagnóstico efetivo de uma MedVet Oftalmo veio quando ele tinha 5 meses, em dezembro de 2020.”

Foram 3 meses de consultas, exames e trocas de veterinários para ter um diagnóstico fechado para o Oliver. E é importante saber que o médico veterinário clínico geral nem sempre tem todas as respostas que buscamos e por isso consultar especialistas é tão importante para ter um tratamento mais rápido e amenizar o sofrimento do pet, proporcionando mais bem-estar mesmo com uma patologia irreversível como é o caso do Oliver que tem Atrofia de Retina.

Atrofia Progressiva da Retina em Cães

@o.beagleoliver

A Helen nos explicou que se trata de “uma doença genética que tende a ter caráter progressivo. Acontece a transmissão de um gene anormal que faz com que fotorreceptores do cão entrem em um processo bioquímico que leva à morte celular, que ao longo do tempo leva a cegueira total.”

A maioria dos cães com essa patologia já nascem com baixa visão e ao longo da vida vão perdendo ainda mais até se tornarem completamente cegos. No caso do Oliver, essa progressão ainda não foi notada.

“Com o exame de retinografia que fizemos no início, não se pode mensurar o quanto ele enxergava na época. Porém estima-se que enxergue cerca de 20 a 30%. Mantemos sempre o acompanhamento oftalmológico e, até o momento, ele permanece com essas mesmas condições.”

Qualquer animal que tenha uma patologia sem cura ou com avanços progressivos precisa de acompanhamento do médico veterinário especialista e um clínico geral consciente do caso, de modo constante durante a vida e esse é um dos alertas do Abril Marrom Pet. No caso do Oliver, “o acompanhamento com a oftalmologista acontece anualmente. Porém, a MedVet dele de rotina sabe de toda condição e ajuda nesse acompanhamento também.

Como cuidar de um cachorro deficiente visual?

Essa é uma das maiores curiosidades, né? Será que um cão com baixa visão precisa de cuidados especiais? A Helen nos contou como funciona a rotina e os cuidados com o Oliver:

“Atualmente, o Oliver tem uma vida de cão normal. Ele frequenta a creche, faz passeios diários, brinca com outros cães. Acredito que devido a toda adaptação que fizemos desde filhote, não tenha afetado em nada ele possuir essa deficiência. Além disso, leva-se em consideração que ele também tem os demais sentidos super aguçados e desenvolvidos, então ele consegue se guiar super bem pelo olfato e audição.”

Utilizamos comandos específicos durante os passeios, como “degrau”, “cuidado”, para alertá-lo quando tem alguma escada ou algum local onde ele possa esbarrar. Por fim, prezamos por não mantê-lo perto de piscinas, quedas d’água, barrancos ou qualquer tipo de local que ele possa cair.”

Outro ponto importante é a adaptação do ambiente para facilitar a movimentação do pet, bem como encontrar seus pertences, sem riscos de queda ou bater nas coisas, causando acidentes. Por isso, a Helen nos conta que passou pela fase de adaptação da casa, inclusive para controlar os impulsos de um filhote de beagle cheio de energia:

“Desde que descobrimos a deficiência fomos orientados a adaptar tudo que fosse possível para que ele tivesse uma vida normal. E assim foi feito. Então, colocamos escadas no sofá e na cama (porque é de suma importância não incentivar um animal cego a pular). Investimos em um bebedouro automático, então sempre tem barulhinho de água… Isso facilitou demais para ele se localizar a lembrar o local onde fica o bebedouro e comedouro dentro de casa. E sempre prezamos por manter os móveis na mesma posição, pois ele já mapeou toda a casa naquela posição. Então qualquer alteração, irá afetar na locomoção dele.”

Cruzamento de cachorro consciente

A Atrofia Progressiva de Retina que o Oliver tem acontece por uma má combinação genética entre os pais. Ou seja, poderia ser evitada se antes de promover o cruzamento em cada canil, houvesse um estudo da genética da fêmea e do macho para entender se a ninhada tem chances de vir com algum problema de saúde. E esse é mais um dos alertas da campanha Abril Marrom Pet: não cruze seu animal sem conhecimento técnico, talvez o fruto dessa ninhada seja sofrimento. A Helen faz um alerta sobre isso também:

“Mesmo com todos os cuidados antes de pegar o Oliver, fomos surpreendidos com essa questão da falta de visão. Existe um exame que mapeia a genética dos pais, para somente realizar a cruza de animais que não possuem problemas genéticos e, assim, só gerar filhotes saudáveis. Porém, é um exame relativamente caro e que a maioria dos canis não realiza. Ademais, essa doença pode acometer qualquer raça, incluindo os SRD. Então,  acredito que é uma doença que pode acometer a maioria dos cães (que não possuem o mapeamento genético). Essa doença pode dar os primeiros sinais quando filhote (como foi o caso do Oliver), mas é mais comum aparecer quando o cão tem cerca de 4 ou 5 anos.

Acredito que é de suma importância o tutor prestar atenção no seu companheiro e, ao primeiro sinal, procurar um médico veterinário de confiança. No nosso caso, os esbarrões eu não considerava normais, foi quando descobrimos a deficiência. E, caso seu cachorro apresente esse tipo de deficiência, preze por uma alimentação de boa qualidade, mantenha a imunidade dele sempre alta e tente adaptar o máximo de coisas na rotina que puder. Um cão com deficiência visual pode ter uma vida normal e o Oliver é a prova disso.”

Meu cão está ficando cego, e agora?

E se você acabou de descobrir uma deficiência visual no seu pet, a Helen deixa um recado:

“Não se desespere!” – Seria a primeira coisa que eu falaria para esse tutor. No início, eu pensei que teria um cão que não teria vida, não poderia correr, brincar e passear. Porém, com adaptações e simples coisinhas que mudamos na nossa rotina, o cachorro pode ter uma vida de cão normal. É só uma questão de tempo e adequação do tutor e do animal.

Espero que esse post crie consciência para:

  • Observamos cada vez melhor o comportamento dos nossos pets para diagnosticar o quanto antes qualquer doença.
  • Termos calma quando o diagnóstico chega e cuidar da melhor forma possível.
  • E pesquisar muito bem o canil e toda a qualidade de vida e cruzamento que oferecem para seus animais, a fim de evitar ninhadas com problemas como o do Oliver.

Siga o @o.beagleoliver para acompanhar suas aventuras e saúde!

Ursinhos Chowchow

Ursinhos Chowchow

Autor

Designer, especialistas em redes sociais e apaixonada por cachorros! Tenho neles minha inspiração para trabalho e apoio emocional. Com e por eles, crio conteúdo no mercado pet desde 2016 e aqui compartilho minha experiência como mãe de pet e dicas para criar sua comunidade no Instagram de cachorro.

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Sou a Bruna Mamãe do Chop (@chop_chow) e estudante de Medicina! Estou a 3 anos no Mundo do Instagram Pet e gosto muito de todo esse universo de influenciador, onde compartilho minhas experiências e dicas da vida com um Chow Chow!

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Relações Públicas apaixonada por animais. Desde o meu primeiro emprego, eles sempre estiveram presentes. Estou focada no mercado pet desde 2016, quando fui fazer curso de Auxiliar Veterinário e depois fiz apenas um ano de Medicina Veterinária. Aqui na Matilha Brasil, estou unindo a paixão por comunicação e animais, em publicações mensais que unem conhecimento técnico e minha experiência como tutora do @arthur.pastoralemao.

Fernanda Franco

Bióloga doutora em Genética e Biologia Molecular e apaixonada por cães. Desde a faculdade sempre tive interesse muito grande nas relações evolutivas e nos padrões comportamentais dos animais. E mesmo não sendo esse o caminho trilhado profissionalmente, sempre foi um hobbie estudar um pouco mais sobre isso.
Com a chegada da Lelé e da Poppys (@leleepoppys) esse interesse aumentou buscando sempre o bem-estar das duas.

Fê Rabaglio

Designer gráfico especialista em Comunicação em Redes Sociais, atuo na área de produção de conteúdo e gestão estratégica de redes sociais desde 2011.
Já passei pelos mercados de Turismo e Intercâmbio, mas o mercado pet foi uma grata surpresa que os meus cães, os Ursinhos Chow Chow, me trouxeram, cheio de peculiaridades que amo conhecer e contribuir para o crescimento de marcas e pet criadores de conteúdo.!

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