Diferenças sobre cães e gatos

Diferenças sobre cães e gatos
jul 6, 2020

Olá, pessoal! Sou Fernanda, humana da Lelé e da Poppys do Instagram @leleepoppys, aluna da Academia da Matilha, bióloga muito curiosa a respeito do processo evolutivo no comportamento dos cães. E queria contar para vocês hoje um pouquinho de algumas diferenças sobre cães e gatos.

Quem são cães e gatos?

Quem são cães e gatos?

Poppys, da @leleepoppys

O cão doméstico (Canis familiaris) e o gato doméstico (Felis catus L.) são as duas espécies mais frequentemente mantidos como animais de companhia ou “pets”. Ambas passaram por milhares de anos de alterações genéticas na adaptação à sociedade e ambientes humanos. 

Considerando a classificação biológica, são mamíferos da ordem Carnivora, que, como o nome diz, agrupa várias espécies de hábitos alimentares carnívoros. Mas essa não é uma regra absoluta, já que a maior parte dos membros são onívoros e existem alguns herbívoros, como os pandas. Essa ordem consiste em cerca de 270 espécies, que incluem grandes predadores (leão, leopardo etc), animais preferidos do homem (cães e gatos) e animais silvestre icônicos (pandas, ursos…). A ordem Carnivora é tradicionalmente dividida em duas superfamílias Caniformes (carnívoros similares a canídeos) e Feliformes (carnívoros similares a felinos). 

Então, cães e gatos domésticos, apesar de pertencerem a mesma ordem e possuírem algumas similaridades morfológicas, são originados de linhagens evolutivas diferentes e possuem diferenças fisiológicas e comportamentais bastante evidentes.

Processo de domesticação

Processo de domesticação

Lelé, da @leleepoppys

O processo de domesticação de plantas e animais inaugurou a chamada Revolução Neolítica, período em que houve grande alteração no estilo de vida dos hominídeos (humanos). Nessa época houve a transição de nômades caçadores-coletores para estabelecimento de acampamentos fixos e desenvolvimento de agricultura. Além das mudanças para os humanos, os seres vivos que foram domesticados também sofreram grandes mudanças físicas, fisiológicas e mesmo genéticas para se adaptarem a esse novo modo de vida.

Como o objetivo aqui é falar sobre cães e gatos, precisamos lembrar que a domesticação deles se deu de forma um pouco diferente dos animais de criação, que eram (são) criados visando alimentação e não companhia. Os cães foram os primeiros animais a serem domesticados, eram importante “ferramenta” para caça e proteção para os caçadores e coletores, antes da revolução neolítica. E acredita-se que ensinaram muito sobre domesticação aos homens da época. 

Domesticação de cães e gatos

Domesticação de cães e gatos

Um fator relevante para a domesticação destas espécies foi a disponibilidade de comida próximos dos assentamentos humanos.

O período exato da domesticação dos cães, ainda não foi bem definido. Arqueologicamente, os primeiros registros são de aproximadamente 14.000 anos, mas dados moleculares demonstram que esse processo ocorreu entre 35.000 a 100.000 anos atrás. Já os gatos foram domesticados mais recentemente, aproximadamente 9.500 anos atrás, originado do gato selvagem, Felis silvestres L.

A domesticação de cães é mais antiga e resulta de uma mistura de seleção natural e seleção artificial (humana). Por muitos anos os cães ocupam o lugar de “melhor amigo do homem”, embora as variações fenotípicas (cor, pelagem, tamanho, focinho…) que deram origem às 400 raças conhecidas atualmente sejam mais recentes, ocorrendo nos últimos 15.000-12.000 anos. Inicialmente, eram companheiros de caça dos hominídeos nômades, que posteriormente se interessaram em manter esses animais próximos para proteger os acampamentos. Ao longo do tempo, outras características foram sendo selecionadas dependendo das atividades/funções (cão-guia, polícia, esan, companhia etc) que os cães exerciam, e ainda exercem, na sociedade.

Já a domesticação dos gatos tomou um caminho bem diferente. Isso porque gatos selvagens seriam candidatos improváveis para domesticação, por apresentarem características, como:

  • Carnívoros estritos – habilidade metabólica limitada para digerir qualquer coisa que não seja proteína.
  • Caçadores solitários.
  • Territorialistas.

Além dessas características, os gatos não tiveram uma função definida na sociedade humana, durante o período de domesticação. Então, a melhor inferência para justificar a domesticação dos gatos é a de que inicialmente os gatos selvagens foram explorando ambientes humanos e foram tolerados. E com o tempo, essas populações de gatos que se aproximaram dos espaços humanos foram acumulando modificações em relação ao seus ancestrais selvagens.  E, diferente de cães e animais de criação, sofreram muito mais o efeito da seleção natural do que a seleção humana.

Comportamento alimentar e social de cada espécie

Comportamento alimentar e social de cada espécie

Lelé, da @leleepoppys

O comportamento alimentar de felinos selvagens nos ajuda a entender a forma de se alimentar do gato doméstico. Apesar do processo de domesticação, algumas das características e habilidades permanecem. Os felinos selvagens possuem hábitos de vida solitários, com algumas exceções como leões, e grande habilidade de caça. Enquanto os gatos domésticos se adaptaram a viver em grupo, e ainda possuem habilidade e um forte instinto caçador, que não está associado com a necessidade de se alimentar. Portanto, nossos amigos felinos caçam por instinto.

Em relação a nutrição, gatos são carnívoros estritos, com uma necessidade alta de proteína. Possuem a anatomia dentária adaptada para atender suas necessidades nutricionais, muito mais específicas do que a dos cães.

Diferente do que observamos nos gatos, o comportamento alimentar observado em canídeos selvagens não explicam tão bem os cães domésticos. No entanto, algumas características dos espécimes selvagens explicam comportamentos observados nos cães.

Canídeos selvagens vivem em grupos hierárquicos, com regras sociais bem estabelecidas a fim de evitar confronto entre os membros. O acesso à comida está diretamente relacionado à posição na hierarquia da matilha. Para os canídeos, a alimentação tem importância social. Pois os líderes se alimentam primeiro e das melhores partes. Então por isso é comum ver cães pedindo a comida dos tutores.

A incerteza e a dificuldade em se alimentar levam os canídeos a um estilo de vida guloso, e por isso na vida doméstica precisamos ter atenção para evitar que engordem. São onívoros, então em tempos de fome podem recorrer a plantas e frutas para se alimentar. A morfologia bucal, diferente dos gatos, permite movimentos laterais, facilitando mastigação de outros nutrientes diferentes de proteína.

Relacionamento com humanos e comunicação de cães e gatos

Relacionamento com humanos e comunicação de cães e gatos

Poppys, da @leleepoppys

Sobre a relação pet e tutor, muitos estudos ainda estão focados nos cães. Mas um novo interesse vem surgindo sobre oos gatos. E algumas formas de avaliar esse tipo de relação é a ligação pet-tutor.

A ligação/afeto é um comportamento comum e necessário para a sobrevivência dos mamíferos, normalmente observado na proximidade entre mãe e prole, podendo ser deslocado para outro animal (que não a mãe) e às vezes até um objeto inanimado. Uma condição relacionada a esse tipo de ligação é a ansiedade por separação, bem descrita para humanos e cães. Cães com esse tipo de problemas, expressam diversos comportamentos ruins na ausência dos tutores. E em gatos, apesar de pouco estudado, já se observou comportamento relacionados a ansiedade por separação dos tutores, deixando em evidência a existência dessa relação com humanos.

A forma do pet se comunicar tem grande relevância na relação com os tutores. Para cães esse assunto é bastante debatido e avaliado, e diante do longo período de coevolução dos cães com os humanos, essa comunicação é muito bem estabelecida pelas duas espécies. Os gatos, assim como os cães, se comunicam de forma visual, olfativa e auditiva, e possuem grande capacidade de aprendizagem por observação. Os sistemas de comunicação intraespecífica (cão-cão; gato-gato) e interespecífica (cão-homem; gato-homem) são diferentes, mas ambas espécies possuem capacidade de se comunicar com os tutores. E, por vezes, utilizam sinais corporais universais.

Cães e gatos são grandes companheiros dos humanos. Mas cada um com suas particularidades que precisam ser respeitadas para manter o bem-estar e qualidade de vida deles. ocês imaginavam que o comportamento dos ancestrais assim como o efeito da domesticação tinham tanto impacto na forma de vida e comportamento de cães e gatos? Conta aqui para nós e aproveito para te convidar a nos conhecer em @leleepoppys.

Fernanda Franco

Fernanda Franco

Autor

Humana de estimação da Lelé e da Poppys do @leleepoppys. Bióloga doutora em genética e biologia molecular, apaixonada por processos evolutivos e padrões comportamentais caninos. Aqui “traduzo” a literatura científica em linguagem acessível e conto a minha experiência como mãe de pet.

3 Comentários

  1. Andréa

    Super interessante! Gostei muito da explicação!

    Responder
  2. Kelianne

    Não consigo me imaginar sem a companhia de um cão para o resto de minha vida !! Parabéns Fernanda pelo excelente texto !!

    Responder
  3. Luciana

    Tenho gato e cachorro, é muito bom conviver com as duas espécies e perceber as diferenças comportamentais. Cada um com seu jeitinho conquista cada dia nossos corações! Ótimo texto, parabéns!

    Responder

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Bruna Flores Vaz

Sou a Bruna Mamãe do Chop (@chop_chow) e estudante de Medicina! Estou a 3 anos no Mundo do Instagram Pet e gosto muito de todo esse universo de influenciador, onde compartilho minhas experiências e dicas da vida com um Chow Chow!

Carolina Falaschi

Relações Públicas apaixonada por animais. Desde o meu primeiro emprego, eles sempre estiveram presentes. Estou focada no mercado pet desde 2016, quando fui fazer curso de Auxiliar Veterinário e depois fiz apenas um ano de Medicina Veterinária. Aqui na Matilha Brasil, estou unindo a paixão por comunicação e animais, em publicações mensais que unem conhecimento técnico e minha experiência como tutora do @arthur.pastoralemao.

Fernanda Franco

Bióloga doutora em Genética e Biologia Molecular e apaixonada por cães. Desde a faculdade sempre tive interesse muito grande nas relações evolutivas e nos padrões comportamentais dos animais. E mesmo não sendo esse o caminho trilhado profissionalmente, sempre foi um hobbie estudar um pouco mais sobre isso.
Com a chegada da Lelé e da Poppys (@leleepoppys) esse interesse aumentou buscando sempre o bem-estar das duas.

Fê Rabaglio

Designer gráfico especialista em Comunicação em Redes Sociais, atuo na área de produção de conteúdo e gestão estratégica de redes sociais desde 2011.
Já passei pelos mercados de Turismo e Intercâmbio, mas o mercado pet foi uma grata surpresa que os meus cães, os Ursinhos Chow Chow, me trouxeram, cheio de peculiaridades que amo conhecer e contribuir para o crescimento de marcas e pet criadores de conteúdo.!

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