Olá, eu sou Fernanda, humana da Lelé e da Poppys, aluna da Academia da Matilha e bióloga. Estamos começando outubro, mês da prevenção ao câncer de mama de humanos e também de pets, o Outubro Rosa. Então gostaria de aproveitar e contar sobre o câncer de mama em animais domésticos.
Mamíferos, Glândulas mamárias e Câncer de Mama
Antes de falar sobre o câncer de mama, vamos voltar lá nas aulas de biologia da escola: Mamíferos são animais vertebrados pertencentes a classe Mammalia, caracterizados pela presença de pelos e produção de leite para alimentar a prole. O leite é produzido por glândulas específicas, as glândulas mamárias. Essas glândulas deram nome a esse grupo animal, e estruturalmente são bastante similares entre os mamíferos. São basicamente glândulas sudoríparas apócrinas (liberam o produto e parte do conteúdo celular) modificadas, consistindo em alvéolos e dutos, rodeado por tecido conjuntivo, vasos e nervos. Enquanto o leite produzido é o alimento da prole recém-nascida, e contém todos os nutrientes necessários para a sobrevivência e desenvolvimento inicial.
Câncer é um nome generalizado dado a um grande grupo de doenças, que possuem como característica principal o crescimento desordenado das células de um tecido específico. O crescimento é causado por alterações genéticas, que fazem com que essas células percam a capacidade de responder aos sinais de controle e se multipliquem de forma incontrolável invadindo outros tecidos e órgãos.
Portanto, o câncer de mama é o crescimento de células anormais nas glândulas mamárias, que se multiplicam desordenadamente formando tumores. Existem diversos tipos de acordo com o tipo celular que deu origem a esse tumor. Em todo o mundo, essa é uma doença muito preocupante pela incidência de casos e acomete tanto humanos quanto animais, que possuam tecido mamário, e a ocorrência entre diferentes espécies é bastante variável. Por exemplo, é esporádico em vacas e muito frequente em cadelas, gatas e mulheres.
Câncer de mama em cadelas e gatas
Cadelas e gatas desenvolvem tumores da glândula mamária espontaneamente, e algumas características morfológicas e moleculares são semelhantes ao câncer de mama humano.
Em cadelas são os tumores que ocorrem em maior frequência, representando cerca de 52% de todos os tumores. Entre 35 a 50% dos tumores de mama descritos são malignos com tendências metastáticas. Ou seja, possuem a capacidade de se disseminar para outras partes do corpo. Normalmente, as cadelas desenvolvem 5 pares de glândulas que são chamadas de:
- Torácicas – 2 pares
- Abdominais – 2 pares
- Inguinais – 1 par
E cerca de 60% dos tumores mamários reportados são nas glândulas abdominais e inguinais.
Já em gatas tumores mamários representam o terceiro tipo de tumor mais frequente, ficando atrás de câncer sanguíneo e de pele. Apesar disso, entre os tipos tumorais em felinos é o que tem maior taxa de morte, pois são frequentemente agressivos e cerca de 80 a 90% são malignos.
Causas do câncer de mama
Tanto em fêmeas de canídeos quando felídeos existem muitos fatores que influenciam a incidência desses tumores, como raça, idade e castração. E aqui gostaria de lembrar que o câncer é considerado uma doença multifatorial, que tem influência genética e ambiental. E, nesse tipo de doença, normalmente, não existe uma causa única e sim um conjunto de fatores que levam ao desenvolvimento e progressão. Por isso normalmente falamos em fatores de risco ou predisponentes e não exatamente em causas.
Então, voltando aos tumores mamários, em cães uma frequência maior é descrita, na literatura científica, em raças puras, existindo uma grande variação entre elas. E em felinos existem trabalhos relatando frequência maior em siameses. Normalmente os tumores mamários ocorrem em animais com idade mais avançada. Por fim, gatas e cadelas não castradas apresentam maior chance de desenvolvimento de tumores! Isso porque boa parte dos tumores mamários sofrem grande influência dos hormônios sexuais femininos.
Tratamento e Prevenção de tumores de mama em animais domésticos
Há 5 classes que dividem o tratamento de câncer de mama em cães e gatos:
- Cirurgia – Mastectomia
- Radioterapia
- Quimioterapia
- Terapia hormonal
- Imunoterapia
As 4 últimas ainda são incertas e associadas a efeitos colaterais. Por isso a cirurgia continua sendo a principal forma de tratamento adotada. E infelizmente as taxas de reincidências e metástases são altas nas duas espécies. Os melhores prognósticos são observados em diagnóstico precoce, descoberto nos estágios iniciais, tarefa nada simples. Isso porque é uma doença silenciosa, mostrando a importância de exames de rotina e acompanhamento veterinário.
Diante disso, prevenir é melhor do que tratar. E vamos voltar ao efeito dos hormônios nos tumores de mama, tanto em cadelas quanto em gatas, e mesmo em humanas, os hormônios sexuais femininos, estrogênio e progesterona, exercem grande influência no desenvolvimento tumoral.
Por isso, gatas esterilizadas antes dos 6 meses tem redução do risco de desenvolvimento de câncer de mama de 91%, após 1 ano de 86% e entre 1 e 2 anos apenas de 11%. Já em cadelas, o risco de desenvolvimento quando castradas antes do primeiro cio é 0,5%, após o primeiro cio 8% e após o segundo 26%. Portanto, a proteção oferecida pela ovariohisterectomia, conhecida como castração ou esterilização, é indiscutível, sendo essa a melhor forma de prevenir nas duas espécies.
E antes de terminar, gostaria de lembrar aos tutores de machos, afinal falei praticamente o tempo todo de fêmeas. Assim como o macho da espécie humana, existe sim a possibilidade de ocorrência de tumores nas glândulas mamárias, mas a frequência é bem menor. Entretanto, vale também a prevenção.
E por aí, você sabia que o Outubro Rosa se estendia aos pets afetando cadelas e gatas? Aproveito para convidá-los a conhecer nosso Instagram @leleepoppys.
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