Verdadeiros atletas de ferro. Assim podem ser considerados os cães que por esporte conduzem trenós por algumas das regiões mais inóspitas do mundo. Quem nunca assistiu filmes com esses corredores e os olhinhos brilharam? Então eu, Fernanda, mamãe dos huskies @thor.eros, vou fazer você se encantar ainda mais por esses peludos.
ORIGEM
Uma das evidências mais antigas de cães domesticados desempenhando um papel na sociedade data de 9 mil anos atrás. Não existem fontes com dados cronologicamente precisos sobre quando há populações que usam cães de trenó. Mas seu uso, como em outras tarefas de apoio ao homem, está relacionado à domesticação do cão, uma espécie descendente do lobo. Cães de trenó ou Sleed Dog são cães selecionados e treinados para tração de trenós na neve.
Ao longo da história, raças de cães de trenó foram desenvolvidas por povos localizados no Círculo Polar Ártico, como os esquimós do Alasca ou da Groenlândia, seu uso é anterior ao uso de carroças com rodas acionadas por animais. Desde o segundo milênio antes de nossa Era, 2.000 aC, existem populações nativas na América do Norte e na Sibéria que usam cães para viajar de trenó ou para transportar recursos. No território conhecido como Lapônia, que inclui áreas nórdicas já distribuídas na Era Moderna entre países como Noruega, Rússia, Suécia e Finlândia, os nativos Sami, que chamam a região de Sápmi, usavam cães kamutik para se mover no chão. Também desempenharam importante papel na Era Heróica da Exploração da Antártida, final do Século 19 e início do Século 20, integrando as comitivas de Ernest Shackleton e Roald Amundsen.
Mushing, na língua inglesa, um termo genérico para um desporto ou meio de transporte de tração canina. Em Portugal, devido à escassez de neve, as provas são realizadas em trilhos florestais, com triciclos, bicicleta, trotinete ou ainda karts.
MUSHING NA ATUALIDADE
Cães de trenó não são mais usados na Antártica, embora ainda sejam úteis para viajar nas regiões árticas, teve sua proibição para reduzir o abate de focas na Antártica (que eram abatidas para alimentar os cães) e com o uso de motos de neve não é necessário expor desnecessariamente os cães a condições de extrema dureza, com temperaturas congelantes abaixo de -50 ° C e nevascas de mais de 200 km / h. As estações britânicas na Antártica ainda mantêm cães de raças especialmente equipadas para transportar trenós, para manter a tradição. Cães de trenó hoje ainda são usados por algumas comunidades rurais, especialmente em áreas do Alasca, Canadá e toda a Groenlândia. Eles são usados para fins recreativos e eventos de corrida, como a Trilha Iditarod e a Yukon Quest.
PRINCIPAIS RAÇAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Como características essenciais para esse tipo de trabalho, esses cachorros têm pelagem grossa, muita força, espírito de cooperação, patas largas, que funcionam como pás na neve, e capacidade de alternar níveis de velocidade. As raças mais conhecidas são: Husky Siberiano, Malamute do Alasca, Cão da Groenlândia, Samoieda, ChowChow e Yakutian Laika. A seguir, vamos conhecer mais um pouco sobre as principais raças: Malamute do Alasca, Husky Siberiano e Samoieda.
Husky Siberiano
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Quando a caça começou a escassear nas proximidades de onde vivia a tribo dos Chukchis, na Sibéria, foi preciso buscar presas mais longe. Com isso, surgiu a necessidade de transportar pequenas cargas por longas distâncias sobre a neve e o gelo. A solução foi atrelar a um trenó, uma matilha de cães capaz de conduzi-lo em ritmo constante, por mais longo que fosse o percurso. Surgia assim o Husky Siberiano. Das três raças, a mais independente é o Husky, que quando solicitado, só se aproxima se estiver a fim. Seu porte é intermediário entre o do Samoieda e o do Malamute, podendo ser classificado com cão de porte médio. Seu físico bem balanceado proporciona equilíbrio entre força, velocidade e resistência.
Malamute do Alaska
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Muito antigo, esse cão se desenvolveu com os Mahlemuts, povo esquimó que habitavam as regiões do Golfo de Kotzebue e da Baía de Norton, no Noroeste do Alasca. Com a chegada de colonizadores àquela região, a raça passou por um processo de miscigenação. Depois outras mesclas ocorreram com a popularização das corridas de cães de trenó, em busca de animais cada vez mais velozes. Menos independente que o Husky, o Malamute atende aos chamados do dono. Mais independente que o Samoieda, tolera períodos de solidão por mais tempo. Das três raças, é a maior e mais encorpada, a que consegue transportar cargas mais pesadas.
Samoieda
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Conhecida por seu permanente “sorriso”, que resulta da ligeira curvatura para cima dos cantos da boca, a raça se desenvolveu convivendo com a tribo nômade dos Samoiedas, na Sibéria. Ajudava os donos na caça e na pesca (era excelente pescadora), pastoreava renas e tinha convívio bem próximo com as famílias humanas, com acesso ao interior das tendas, onde compartilhava as camas de adultos e crianças e os aquecia com seu aconchego. Rebocar trenós com cargas leves e, eventualmente, barcos, eram funções praticadas pelos Samoiedas quando o uso de renas era inviável. Do trio de raças aqui abordado, o Samoieda é a menos independente – gosta de ficar perto das pessoas e precisa de companhia para ser feliz – e a de menor porte.
EQUIPAMENTO PARA MUSHING
Mostrarei pra vocês uma breve explicação sobre os equipamentos complementares utilizados no Mushing, para colocar os cães em formação.
Single Lead Tug: Utilizada quando possui apenas um cão, ou quando quando a liderança da equipe é formada por apenas um cão.
Double Lead Tug, Coupler, TugLine: Utilizada quando são dois cães ou mais. Exemplo: se a equipe é formada por 6 cães você utilizaria 3 Tuglines, se fosse formada por 5 cães utilizaria 2 Tuglines e 1 Single Lead.
Shock Absorber, Shock Cord, ShockLine: Para absorver o impacto quando tracionar. Existem diversos tipos/modelos.
Neckline e LeaderNeckline: Utilizada para manter próximos na frente. A diferença entre elas é que a leaderneckline é utilizada pelos líderes e não possui o “encaixe” para a corda central.
Towline, Dogline, Extension: É a linha central que pode consistir numa corda única ou em extensões que podem ser colocadas de acordo com a quantidade de cães.
POSICIONAMENTO DOS CÃES DENTRO DA EQUIPE
Na prática do mushing é fundamental saber a posição dos cães dentro da equipe, é o papel do musher/condutor saber e descobrir qual função seu cão desempenha melhor. Pois a posição que o cão ficará é importante tanto para aumentar o desempenho da equipe no geral como também evitar problemas. Afinal de contas, nada melhor do que fazer aquilo que você gosta e tem habilidade e isto serve para os cães também. Mesmo que você tenha poucos cães na equipe, o posicionamento deles pode fazer diferença. É importante realizar testes de posicionamentos, observarem como eles se comportam.
Líderes (Leaders)
Os líderes devem ser bons em atender comandos, deve possuir capacidade de lidar com distrações ou interrupções externas e na equipe, deve ouvir comandos e responder com agilidade, ter velocidade suficiente para ficar a frente dos outros cães, enfrentar desafios e ter aptidão para tomar as melhores decisões. O líder tem a responsabilidade de conduzir a equipe portanto é primordial que saiba trabalhar em conjunto com os outros cães.
Se outros cães da equipe se distraírem o trabalho dele é continuar, se houver algum obstáculo que o musher não perceba ou até mesmo um comando indevido do mesmo a função dele é tomar a melhor decisão, seja ela parar ou desviar pelo melhor caminho, caso não consiga um líder com todas as características necessárias trabalhe com a liderança em dupla e escolha um cão que complemente o outro.
Swing ou Point (Cães logo após o líder)
Nessa posição, é importante que os cães sejam ágeis, velozes, experientes e consigam manter o foco nos líderes. Você pode deixar cães que podem servir como substitutos dos líderes. A função principal deles é auxiliar os líderes a manter o ritmo da equipe. Um bom cão para essa posição deve correr suficientemente para manter as cordas esticadas.
Wheel (Cães após o trenó ou kart)
Cães para esta posição não devem se importar com o barulho do veículo e não podem ficar olhando para trás. Então devem ser capaz de suportar muitas vezes empurrões ou o veículo encostando neles, em uma parada brusca pode ocorrer do veículo encostar e é muito importante o cão saber lidar com esta situação para que não se torne desastrosa. Wheel dogs devem ser fortes e com bom condicionamento para evitar lesões, cães fortes são importantes para equipes pequenas. Enquanto em equipes maiores, onde existem mais cães para dividir o trabalho, é importante que sejam ágeis. Porque geralmente as curvas são realizadas com maior velocidade. Não é aconselhável colocar cães que sobre aquecem ou cansam com mais facilidade nessa posição.
Team Dogs (Localizados entre Wheel Dogs e Swing Dogs)
Estes cães não necessitam de muita experiência, é uma boa posição para iniciantes, pois não tem a pressão física e mental dos Wheel Dogs e dos Leaders e além disso você consegue manter a visão sobre eles. Os cães da posição da frente e de atrás quase sempre mantêm a linha se esticada dificultando que os cães virem ou emaranhem as cordas.
CURIOSIDADES
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- Entre as necessidades dos cães de trenó, atenção especial na alimentação. Os cães precisam de dieta rica em gordura e proteínas, como suplementos, vitamina C e fibras, para saúde gastrointestinal.
- Os principais problemas de saúde acometidos por cães praticantes desse esporte, são infecções do trato urinário, anemia por stress e problemas musculares. É necessário também dar uma atenção especial às patas, bem como pescoço, coluna e problemas nos ombros e cotovelos também são comuns, especialmente se a trilha não for boa ou se os cães não estiverem em excelentes condições.
- Em corridas de curta distância, os trenós chegam a mais de 30 km/h, nas de longa distância, onde resistência é muito importante, os trenós começam a 20 km/h e terminam a 12 km/h.
- Hoje a prática é vista como um esporte e há praticantes em mais de 25 países, sendo que os melhores vêm dos Estados Unidos, Canadá, Suécia, Noruega, Alemanha e Itália.
- O brasileiro Julinho Casares é o atual campeão Sul-americano de Sled Dog na categoria especial de raça pura. Ele disputou o campeonato com um trenó levado por cães da raça Malamute do Alasca.
CÃES DE TRENÓ FAMOSOS
Togo
Togo foi o cão de trenó líder de Leonhard Seppala e sua equipe de trenós puxados por cachorros na corrida de soro de 1925 para Nome em todo o centro e norte do Alasca onde percorreu 450km com 12 anos de idade. Por não completar a jornada do soro até a cidade, uma segunda equipe liderada pelo husky Balto, percorreu os 50km restante para salvar a cidade da epidemia.
Balto
Balto era o cão líder da equipe de cães de trenó que carregava o soro da difteria na última parte do revezamento da viagem para Nome durante a epidemia de difteria de 1925. Ele foi conduzido por Gunnar Kaasen, que trabalhou para Leonhard Seppala. Seppala também havia criado Balto. Atualmente encontra-se uma estátua em sua homenagem no Central Park em Nova York.
NO CINEMA
Espero que tenham gostado da matéria fria abaixo de zero, mas que aquece nossos corações quando a gente lê e conhece mais desses cães surpreendentes. O que mais chamou atenção de vocês na matéria? Conta aqui pra gente. Lambeijos dos huskies @thor.eros e até a próxima.
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